ANA ANGELINA DE AMORIM
MACEDO , PATRONA DA CADEIRA DE Nº 18, DA EXTINTA ACADEMIA POTIGUAR DE
LETRAS, QUE TEVE COMO FUNDADOR: OLEGÁRIO DE OLIVEIRA JÚNIOR, ASSUENSE, NASCIDO
EM 22 DE SETEMBRO DE 1895
Angelina Macedo, natural
da cidade de Assú, Estado do Rio Grande do Norte, nascida no dia 22 de janeiro de 1875 e faleceu em sua aterra
natal, a 5 de junho de 1906, poetisa do Assu, ainda é pouco lembrada na terra
em que nascera. De tradicional família originária da cidade do Porto, Portugal.
De temperamento sentimental, casou-se em 1896 e, pouco tempo depois, fora
abandonada pelo marido.
O antologista Ezequiel Fonseca Filho depõe que o lirismo de
Angelina também está marcado pela melancolia, pela religiosidade e por
acentuados elementos românticos e simbolistas". E vai mais adiante ao
dizer que Angelina , "não encontrando a realização dos seus sonhos de
adolescente", escreveu na sua desilusão o soneto que, penso eu, parece com
a forma de poetar de Florbela Spanca (uma das maiores vozes da poesia lusitana
do século XX). Senão vejamos:
Sonhei que
era feliz e que era amada,
Que ao lado
de meus pais tranquilamente,
Passava
minha vida sorridente,
Sem nunca
pela dor ser perturbada.
Nessa doce
ilusão, sendo embalada,
Áureos
castelos levantei na mente
E por linda
visão aurifulgente,
Era ao céu
de fantasia arrebatada.
Porém ao
despertar do grato sonho,
Ao ver o meu
presente tão tristonho,
Tão negro
como fora o meu passado.
Quisera
viver sempre adormecida,
Do mundo e
de todos esquecida,
Ou ao menos,
meu Deus, não ter sonhado!
Angelina
fora acometida por uma doença incurável, solitária e sentindo a morte chegar
escreveu o soneto intitulado 'Resignação', que diz assim:
Bendita seja
a mão, que o golpe envia
Sobre a
minha cabeça tão cansada;
Que me
adverte ao fim desta jornada, e um dia
Na floresta
da vida, erma e sombria.
Àqueles que
disseram: Volto ao Nada,
A que triste,
viveu somente um dia,
Eu direi:
Enganai-vos! A alegria
Espera-me no
Além, na Pátria amada.
Não criminem
a morte, que me leva
Ao ver
estrela que no azul cintila...
A luz, que
vem do céu, não chamem treva!
Pouco a
pouco, a matéria se aniquila,
Mas a alma
imortal aos céus se eleva...
Que venha,
pois, a morte - estou tranquila.
(Fonte:
Poetas e Boêmios do Assu, 1984, de Ezequiel Fonseca Filho)
FONTE - FERNANDO CALDAS
Nenhum comentário:
Postar um comentário